Primeira vez no exterior: é melhor não contar apenas com a sorte!
Quando pensamos em viajar para fora do Brasil, os primeiros destinos que nos vêm à cabeça são, na maioria das vezes, Argentina e Estados Unidos. Porém, uma alternativa barata e tranquila para uma primeira viagem internacional pode ser o nosso pequeno vizinho Uruguai, um país tranquilo, com a população de aproximadamente 5 milhões de habitantes, muito parecido com o sul do Brasil, no que diz respeito a alguns costumes.
Como programar uma viagem ao Uruguai como primeiro destino internacional? Esta pergunta poderia ser a primeira respondida neste post, mas nossa experiência não permite, pois não houve planejamento algum. Parti do Brasil rumo a Montevidéu somente com as passagens de ida e volta, sem ter hospedagem reservada, sem transfer, sem nada, apenas com alguns dólares (100 na verdade).
Era novembro de 2007, mais precisamente dia 5, quando eu estava em Curitiba e percebi que meu RG tinha mais de 10 anos de expedição. Para transitar aqui no Mercosul, você precisa ter um documento de identificação com menos de dez anos desde sua emissão (RG, pois não são aceitos CNH, OAB etc). Por sorte deu para voltar para São Paulo de madrugada e tirar um novo documento logo cedo. O vôo era às 21h.
PERRENGUE 1
A chegada a Montevidéu foi um pouco complicada, pois a decolagem de Guarulhos atrasou. Era mais de 1 da madrugada quando pousamos no Aeroporto Internacional de Carrasco, a 18 km do centro da capital uruguaia.
Um táxi foi a primeira (e única) opção para sair do aeroporto aquela hora. Pedi para parar em um hotel próximo, o que não foi um boa escolha, pois era caro demais. Então, o taxista, educadamente (talvez com pena) e sem cobrar nada a mais, me deixou em um ponto de ônibus na beira da Ruta 101.
Foram cerca de 50 minutos esperando um meio de chegar ao Centro de Montevidéu, esperando praticamente um milagre, sem muita noção do perigo que poderia estar correndo de madrugada. Estava em um território estranho, antes da popularização da Internet, sem meios de contato, até que surgiu um ônibus, no melhor estilo dos filmes norte-americanos, com luz interior apagada, aparência velha e pessoas olhando enquanto eu procurava uma poltrona para sentar.
Ainda bem que meu santo é forte, pois uma senhora me indicou onde parar para AINDA PROCURAR HOSPEDAGEM, por volta das 2:30 da madrugada. Parei próximo ao Terminal Tres Cruces, principal terminal de ônibus da cidade
PERRENGUE 2
Na descida, momento de pagar a passagem, percebi que precisaria de alguns trocados em peso uruguaio, afinal, em NENHUM LUGAR DO MUNDO se paga uma simples passagem de transporte público com nota “graúda” de outro país, não é verdade? Mais um momento de sorte: o motorista não quis receber a tarifa, claramente por pena. Não posso nunca reclamar que os uruguaios não têm compaixão.
Encontrar um hotel não foi tarefa tão fácil. Talvez por ser uma madrugada de terça-feira, em região central, onde provavelmente o perigo fez com que as respostas fossem sempre negativas. Mas deu tudo certo. Inclusive consegui um late check out até as 13:00, o que ajudou um bocado no descanso depois de toda essa complicação para chegar no destino.
Foi uma sucessão de descuidos, mas uma sucessão de episódios de sorte também, desde o RG até conseguir deitar em uma cama com segurança. Por muita sorte e contando com a ajuda do povo uruguaio, a chegada no primeiro destino internacional de minha vida foi realizada com sucesso, aos trancos e barrancos, mas, qual o viajante que nunca viveu perrengues?
FINALMENTE, A CIDADE!
Montevidéu é uma cidade bem bacana, de certa forma pacata, com opções limitadas de diversão, mas com um charme e tranquilidade que cativa o viajante. E uma bela orla!
Durante a estadia, conheci o Estádio Centenário, palco de grandes embates futebolísticos, principal sede da primeira Copa do Mundo da história. Um prato cheio para qualquer amante do esporte.
Pretendo retornar a Montevidéu em breve para rever o primeiro destino internacional, agora com uma câmera com melhor resolução, mesmo porque já se passaram 10 anos desde essa odisseia cheia de perrengues e sorte pelo caminho. Além das outras muitas coisas aprendidas em mais de uma década de viagens para vários cantos do mundo, ficou a maior lição: não recomendamos a ninguém ir para qualquer lugar sem um planejamento mínimo.